A Ilusão da Lua, de Marcelo Knobel


FICHA TÉCNICA

2021 / 160 pág / São Paulo

Autor: Marcelo Knobel

Editora: Contexto

Catalogação bibliográfica: Ciência, Pensamento

científico

ISBN: 978-65-5541-053-2


A obra A ilusão da lua foi escrita por um físico brasileiro com o intuito de expressar “ideias para decifrar o mundo por meio da ciência e combater o negacionismo”. As pílulas de exemplos selecionadas pelo autor ajudam o leitor a compreender que o conhecimento científico conquistou seu espaço na sociedade de modo a consolidar seu método pela capacidade de oferecer soluções factuais para os mais diversos problemas enfrentados pela humanidade.


E mesmo diante de tantos mistérios da natureza que ainda encontram-se sem respostas científicas conclusivas como o caso d’A ilusão da lua, felizmente, não significa que o método científico seja falso ou irrelevante, mas apenas que “a evolução das ideias, baseadas em observações e experimentos” surgem para tentar explicar os verdadeiros enigmas do mundo; mas, consciente de que há muitos casos como A ilusão da lua que permanece sem “consenso sobre o assunto e existem pelo menos oito teorias diferentes para tentar explicar de forma mais convincente essa incrível ilusão” (p. 13).


A proposta principal de Marcelo Knobel (p. 07-08) é mostrar que há mais ciência ao nosso redor do que percebemos, que a ciência enxerga os fenômenos por meio de muitos pontos de vista e que é “pela percepção das conexões feitas de vários pontos de vista que se chegará mais perto da compreensão de um fenômeno”. O progresso científico demanda muito tempo, esforço conjunto e novas gerações impulsionadas pela curiosidade insaciável; além disso, ressalta que o desapego pela ciência é a porta de entrada para a causa de prejuízos como o equívoco de achar que não é preciso compreender “o que é conhecimento lapidado ao longo de séculos e o que é puro achismo” (p. 08).


O físico e ex-reitor da Unicamp organizou sua obra “em torno de três pilares – a ciência que nos rodeia em pílulas de exemplos cotidianos; a maneira de fazer ciência e como é importante divulgá-la corretamente; e o perigo das pseudociências” (p. 08). E, claro, sempre voltado para o objetivo de “discutir os processos da ciência e como podemos aproveitá-la nas tomadas de decisão” (p. 08).


Em A ciência ao nosso redor, primeira parte da obra, Knobel identifica e examina alguns princípios básicos da física que estão presentes em fenômenos comuns na culinária, no cobertor de lã, nos esportes, nas ondas do mar, na formação em V do voo dos pássaros, no canto do canário, entre outros casos.


A segunda parte, O pensamento científico, volta-se para o funcionamento da ciência e o trabalho dos pesquisadores, também ressalta a importância da ciência básica com ética e responsabilidade social, alinhada à divulgação científica para o engajamento da sociedade. A partir dessas questões faz sua colaboração falando sobre a jornada da ciência, problemas de irresponsabilidade envolvendo falsas pesquisas que foram publicadas e removidas por causa de plágios, dados manipulados etc., sobre a necessidade de investir em ciência básica e outras indagações de cunho científico.


E por fim, em Pseudociência, negacionismo e suas consequências, terceira e última parte da obra, discorre sobre a anticiência, negacionismo, pseudociências e suas consequências para a sociedade e o meio ambiente; da mesma forma, apresenta exemplos que ilustram situações pseudocientíficas da atualidade que são provenientes de lendas urbanas, falta de evidências e influenciadas pelas redes sociais, mas que ajudam o leitor a saber identificá-las e combatê-las.


As pseudociências apresentam-se como soluções milagrosas vestidas com “alguma roupagem científica: linguagem um pouco mais rebuscada, aparente comprovação experimental, depoimentos de ‘renomados’ pesquisadores, utilização em grandes universidades” (p. 127). Isto significa que as pseudociências podem ser definidas com base na compreensão de “crenças que reivindicam, de modo ilegítimo, o mesmo grau de confiabilidade das ciências” (p. 127).


De acordo com Knobel, a sociedade atual no apogeu das redes sociais e das fake news experimenta os embustes que ganharam força com a “voz de influenciadores de toda a sorte, de ocupantes de altos cargos públicos a cidadãos com milhões de seguidores e zero lastro técnico, educacional ou algo que o valha” (p. 128). À vista disso, faz a recapitulação de recomendações feitas por outros cientistas que enfatizam a urgência do pensamento crítico, do raciocínio lógico, reconhecimento de alguns elementos comuns nas pseudociências, além da importância do cidadão conhecer — mesmo que de forma básica — como o método científico funciona e, deste modo, tornar-se capaz de reconhecer o que é ciência e o que são fraudes científicas.


Portanto, salienta a necessidade de conhecer, mesmo que de forma simples, quais são os critérios usados para saber se uma teoria é, de fato, científica. Em qualquer teórico clássico que contribui com a formulação de critérios e princípios metodológicos para a fundamentação da ciência (desde Platão, Aristóteles e, principalmente, depois de Copérnico, Galileu e Francis Bacon), vigora no campo científico experimental a exigência de comprovações que seguem critérios rígidos, metodologias satisfatórias, além de publicações em periódicos e revistas de circulação internacional “para que outros pesquisadores possam tentar repetir os experimentos e modelos, verificando possíveis falhas e buscando explicações alternativas, com certo ceticismo” (p. 134).


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