A Formação do Raciocínio Lógico

"Margarita Philosophica": Typus Logice (1503),
de Gregor Reisch[1].


Graças à obra de Aristóteles (384-322 a.C.) foi surgindo, aos poucos, a Lógica, uma disciplina intelectual que revolucionou metodologicamente a Filosofia, o que resultou na categorização e sistematização do conhecimento.


Com o acesso aos textos de Aristóteles, alguns outros filósofos gregos passaram a desenvolver suas próprias teorias lógicas. Assim, novas lógicas surgiram, como a do estóico Crisipo (cerca de 280-205 a.C.), fundador da que hoje em dia denomina-se lógica proposicional.


Consolidando-se com dezenas de especialidades e subespecialidades, da lógica aristotélica surgiram diversas novas lógicas contemporâneas que seriam denominadas como lógica simbólica. Lógica modal, Lógica epistêmica, Lógica deôntica, Lógica paraconsistente, Lógica paracompleta, Lógica difusa, são alguns dos sistemas lógicos precedidos pelo aristotelismo e cientificamente revolucionários com a “simbolização” e “matematização” da lógica.  


Hoje, no mundo, várias especialidades da lógica se concentram em investigações científicas como a Inteligência Artificial, o que equivale a representar informação em geral por meio de linguagens artificiais, divididas entre áreas de representação de conhecimento e demonstração automática. Os sistemas lógicos são utilizados como  linguagem de programação — é o caso de PROLOG, uma linguagem lógica e que o nome significa  PROgramção em LÓGica. 


Nas ciências da computação, que foram profundamente influenciadas pela lógica; “estima-se, até mesmo, que a lógica tem ou terá a mesma importância, para a Inteligência Artificial, que a matemática tem para a física teórica” (MORTARI, 2016, p. 51-52). Neste progresso foram revolucionárias as obras Investigação sobre as leis do pensamento, de George Boole (1815-1864) e Conceitografia, de Gottlob Frege (1848-1925), cuja preocupação básica desta era a sistematização do raciocínio matemático e caracterização precisa da demonstração matemática. 


Já na lógica aristotélica, em sentenças como ‘Todo A é B’, ‘Nenhum B é C’ e a conclusão ‘Nenhum A é C’, o emprego de variáveis permitiu fazer generalizações de maneira inteligível, quando Aristóteles fazia o uso de letras como variáveis para termos comumente expressados por palavras e os estóicos que usavam variáveis[2] até mesmo para a substituição de sentenças inteiras.


NOTAS


[1]. A imagem deste texto encontra-se em "A lógica apresenta os seus temas centrais", Margarita Philosophica, de Gregor Reisch. Os símbolos dos dois cães veritas e falsitas correm atrás da lebre problema, a lógica apressa-se armada com a sua espada syllogismus. Em baixo, à esquerda, encontra-se Parmênides, precursor da lógica na filosofia.


[2]. O uso de variáveis é comum em lógica e matemática ao substituir palavras, termos, sentenças, indivíduos por letras ou símbolos, isto é, pode-se dizer coisas como: se x e y são dois números racionais quaisquer, então x + y = y + x.


BIBLIOGRAFIA


MORTARI, C. A. Introdução à Lógica. São Paulo: Editora Unesp. 


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